domingo, 18 de novembro de 2012

Minhas frases que fizeram sucesso

"O todo sem a parte não é todo;
A parte sem o todo não é parte;
Mas se a parte o faz todo sendo parte,
Não se diga que é parte, sendo todo."



"O honesto é pobre,
o ocioso triunfa,
o incompetente manda."




"Se justificam mentindo com pretextos enganosos,e com rodeios fingidos."


"Sal, cal e alho
caiam no teu maldito caralho. Amém.
O fogo de Sodoma e de Gomorra
em cinza te reduzam essa porra. Amém.
Tudo em fogo arda., Tu, e teus filhos, e o Capitão da Guarda." (Este falei para o governador Antonio Luiz)




Estilo barroco



Pode-se afirmar que o estilo barroco se configurou nos moldes da Contra-Reforma e dos Concílios de Trento, tentando conciliar a novidade renascentista com a tradição religiosa que vinha da Idade Média , pois foram principalmente esses dois acontecimentos , que marcaram os princípios ideológicos do homem daquele tempo, impondo-lhe traços relevantes em pensamento, concepções sociais e políticas,arte e, naturalmente, religião.Reformatado, o pensamento cristão medieval reaparece no Barroco: o equilíbrio do homem medieval se transforma em conflito permanente, representado em jogo de oposições e contrastes.E de imediato se depreende que o Homem barroco se debate num conflito oriundo deste duelo entre espírito cristão e espírito secular, que leva a contrições, exemplificando com o soneto abaixo:

Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado
Da vossa piedade me despido:
Porque quanto mais tenho delinquido,
Vos tenho a perdoar mais empenhado.

Se basta a vos irar tanto um pecado,
A abrandar-vos sobeja um só gemido:
Que a mesma culpa que vos há ofendido,
Vos tem para o perdão lisonjeado.
Se uma ovelha perdida e já cobrada
Glória tal e prazer tão repentino
Vos deu, como afirmais na Sacra História:
Eu sou, Senhor, ovelha desgarrada;
Cobrai-me; e não queirais, Pastor Divino,
Perder na vossa ovelha a vossa glória.

Características das minhas poesias


Minhas poesias são religiosas e líricas. Conforme com a estética do Barroco, costumo abusar de figuras de linguagem; faço uso do estilo cultista e conceitista, através de jogos de palavras e raciocínios sutis. As contradições, próprias, talvez, de minha personalidade instável, são uma constante em meus poemas, oscilando entre o sagrado e o profano, o sublime e o grotesco, o amor e o pecado, a busca de Deus e os apelos terrenos.
Sou mais conhecido por minhas sátira ferina, azeda e mordaz, usando, às vezes, palavras de baixo calão, daí meu epíteto Boca do Inferno. Critico todos os aspectos da sociedade baiana, particularmente o clero e o português.

sábado, 17 de novembro de 2012

Imagens

Apresento a vocês minha cidade natal.   


Gregório de Mattos : foto
Capa do filme que fizeram a minha homenagem contando um pouco da minha vida.

Algumas imagens que fizeram de mim.




Ficheiro:Gregório de Matos 1775.jpg
Capa da edição de 1775 dos meus poemas.


Coleção dos meus poemas satíricos







O que era naquele tempo a cidade da Bahia




A cada canto um grande conselheiro,
Que nos quer governar cabana e vinha;
Não sabem governar sua cozinha,
E podem governar o mundo inteiro.

Em cada porta um bem freqüente olheiro,
Que a vida do vizinho e da vizinha
Pesquisa, escuta, espreita e esquadrinha,
Para o levar à praça e ao terreiro.

Muitos mulatos desavergonhados,
Trazidos sob os pés os homens nobres,
Posta nas palmas toda a picardia,

Estupendas usuras nos mercados,
Todos os que não furtam muito pobres:
E eis aqui a cidade da Bahia.



Nesse soneto eu apresento um plano crítico da degradação moral e econômica da cidade da Bahia.



Sobre as Obras


Em 1850, o historiador Francisco Adolfo de Varnhagen publicou 39 dos meus poemas na colectânea Florilégio da Poesia Brasileira (em Lisboa).

Afrânio Peixoto edita a restante obra, de 1923 a 1933, em seis volumes a cargo da Academia Brasileira de Letras, excepto a parte pornográfica que aparecerá publicada, por fim, em 1968, por James Amado.
A minha obra tinha um cunho bastante satírico e moderno para a época, além de chocar pelo teor erótico, de alguns de meus versos.
Entre meus grandes poemas está o "A cada canto um grande conselheiro", no qual eu critica os governantes da "cidade da Bahia". Esta crítica é, no entanto, atemporal e universal - os "grandes conselheiros" não são mais que os indivíduos (políticos ou não) que "nos quer(em) governar cabana e vinha, não sabem governar sua cozinha, mas podem governar o mundo inteiro". A figura do "grande conselheiro" é a figura do hipócrita que aponta os pecados dos outros, sem olhar aos seus. Em resumo, é aquele que aconselha mas não segue os seus preceitos.

Classificação das obras


MANUSCRITOS – Durante minha vida meus poemas circulavam de mão em mão, de forma manuscrita, ou de boca em boca, no aspecto oral.
OBRAS PUBLICADAS – Minhas obras somente foram publicadas no século XX, entre 1923 e 1933, pela Academia Brasileira de Letras, em seis volumes:
I. Sacra
Expressa a cosmovisão barroca: a insignificância do homem perante Deus, a consciência nítida do pecado e a busca do perdão. Ao lado de momentos de verdadeiro arrependimento, muitas vezes o tema religioso é utilizado como simples pretexto para o exercício poético, desenvolvendo engenhosos jogos de imagens e conceitos.
II. Lírica
Apresenta-se sob o signo da dualidade barroca, oscilando entre a atitude contemplativa, o amor elevado, à maneira dos sonetos de Camões, e a obscenidade, o carnalismo. É curioso que a postura platônica é dominante, quando o poeta se refere a mulheres brancas, de condição social superior, e a libido agressiva, o erotismo e o desbocamento são as tônicas, quando o poeta se inspira nas mulheres de condição social inferior, especialmente as mulatas. Neste sentido, destaca-se já certa “tropicalidade”, a antecipação de certo “sentimento brasileiro”.
III. Graciosa
Gregório de Matos escreveu também poemas laudatórios (de elogio), de circunstância (festas, homenagens, fatos corriqueiros). Um exemplo curioso é o poema cujo inicio transcrevemos, uma homenagem ao desembargador Belchior da Cunha Brochado
IV e V. Satírica
Contém todos os poemas que exploram a sátira.
VI. Última
Contém poemas misturados.

Por que a alcunha Boca do Inferno?




A alcunha boca do inferno foi dada a Gregório por sua ousadia em criticar a Igreja Católica, muitas vezes ofendendo padres e freiras. Criticava também a "cidade da Bahia", ou seja, Salvador, como neste soneto:

Tristes sucessos, casos lastimosos,
Desgraças nunca vistas, nem faladas.
São, ó Bahia, vésperas choradas
De outros que estão por vir estranhos
Sentimo-nos confusos e teimosos
Pois não damos remédios as já passadas,
Nem prevemos tampouco as esperadas
Como que estamos delas desejosos.
Levou-me o dinheiro, a má fortuna,
Ficamos sem tostão, real nem branca,
macutas, correão, nevelão, molhos:
Ninguém vê, ninguém fala, nem impugna,
E é que quem o dinheiro nos arranca,
Nos arrancam as mãos, a língua, os olhos.



*Alcunha (no Brasil também se usa o termo apelido que, em Portugal, designa nome de família) 

Confusão


Na confusão do mais horrendo dia,
Painel da noite em tempestade brava,
O fogo com o ar se embaraçava
Da terra e água o ser se confundia.

Bramava o mar, o vento embravecia
Em noite o dia enfim se equivocava,
E com estrondo horrível, que assombrava,
A terra se abalava e estremecia.

Lá desde o alto aos côncavos rochedos,
Cá desde o centro aos altos obeliscos
Houve temor nas nuvens, e penedos.

Pois dava o Céu ameaçando riscos
Com assombros, com pasmos, e com medos
Relâmpagos, trovões, raios, coriscos.

Admirável Expressão que Faz o Poeta de seu Atencioso Silêncio


Largo em sentir, em respirar sucinto,
Peno, e calo, tão fino, e tão atento,
Que fazendo disfarce do tormento,
Mostro que o não padeço, e sei que o sinto.

O mal, que fora encubro, ou que desminto,
Dentro no coração é que o sustento:
Com que, para penar é sentimento,
Para não se entender é labirinto.

Ninguém sufoca a voz nos seus retiros;
Da tempestade é o estrondoso efeito:
Lá tem ecos a terra, o mar suspiros.

Mas oh do meu segredo alto conceito!
Pois não me chegam a vir à boca os tiros
Dos combates que vão dentro no peito.

Choro


Como exalas, penhasco, o licor puro,
Lacrimante a floresta lisonjeando?
Se choras por ser duro, isso é ser brando,
Se choras por ser brando, isso é ser duro.

Eu, que o rigor lisonjear procuro,
No mal me rio, dura penha, amando;
Tu, penha, sentimentos ostentando,
Que enterneces a selva, te asseguro.

Se a desmentir afetos me desvio,
Prantos, que o peito banham, corroboro,
De teu brotado humor, regato frio.

Chora festivo já, cristal sonoro;
Que quanto choras se converte em rio,
E quanto eu rio, se converte em choro.

Caos Cunfuso


Ó caos confuso, labirinto horrendo,
Onde não topo luz, nem fio achando;
Lugar de glória, aonde estou penando;
Casa da morte, aonde estou vivendo!

Ó voz sem distinção, Babel tremendo;
Pesada fantasia, sono brando;
Onde o mesmo que toco, estou sonhando;
Onde o próprio que escuto, não o entendo.

Sempre és certeza, nunca desengano;
E a ambas pretensões com igualdade,
No bem te não penetro, nem no dano.

És ciúme martírio da vontade;
Verdadeiro tormento para engano;
E cega presunção para verdade.

Dia do Juízo


Já desprezei; hoje sou desprezado;
Despojo sou de quem triunfo hei sido;
E agora nos desdéns de aborrecido,
Desconto as ufanias de adorado.

O Amor me incita a um perpétuo agrado;
O decoro me obriga a um justo olvido:
Eu não sei, no que emprendo, e no que lido,
Se triunfo o respeito, se o cuidado.

Porém, vença o mais forte sentimento,
Perca o brio maior autoridade,
Que é menos o ludíbrio, que o tormento.

Quem quer, só do querer faça vaidade,
Que quem logra em amor entendimento,
Não tem outro capricho, que a vontade.

Desprezado


Já desprezei; hoje sou desprezado;
Despojo sou de quem triunfo hei sido;
E agora nos desdéns de aborrecido,
Desconto as ufanias de adorado.

O Amor me incita a um perpétuo agrado;
O decoro me obriga a um justo olvido:
Eu não sei, no que emprendo, e no que lido,
Se triunfo o respeito, se o cuidado.

Porém, vença o mais forte sentimento,
Perca o brio maior autoridade,
Que é menos o ludíbrio, que o tormento.

Quem quer, só do querer faça vaidade,
Que quem logra em amor entendimento,
Não tem outro capricho, que a vontade.

Original e Cópia


Se há de ver-vos quem há de retratar-vos
E é forçoso cegar quem chega a ver-vos,
Sem agravar meus olhos, e ofender-vos,
Não há de ser possível copiar-vos.

Com neve, e rosas quis assemelhar-vos,
Mas fora honrar as flores, e abater-vos;
Dois zéfiros por olhos quis fazer-vos;
Mas quando sonham eles de imitar-vos?

Vendo que a impossíveis me aparelho,
Desconfiei da minha tinta imprópria,
E a obra encomendei a vosso espelho.

Porque nele com luz, e cor mais própria
Sereis, se não me engana o meu conselho,
Pintor, pintura, original, e cópia.

Oração


Na oração, que desaterra a terra,
Quer Deus que a quem está o cuidado dado,
Pregue que a vida é emprestado estado,
Mistérios mil, que desenterra enterra.

Quem não cuida de si, que é terra, erra,
Que o alto Rei, por afamado amado,
É quem assiste ao desvelado lado,
Da morte ao ar não desaferra, aferra.

Quem do mundo a mortal loucura cura,
A vontade de Deus sagrada agrada,
Firma-lhe a vida em atadura dura.

Ó voz zelosa que dobrada brada,
Já sei que a flor da formosura, usura,
Será no fim desta jornada nada.

Senhor Doutor


Senhor Doutor, muito bem-vinda seja
A esta mofina e mísera cidade,
Sua justiça agora, e eqüidade,
E letras com que a todos causa inveja.

Seja muito bem-vindo, porque veja
O maior disparate e iniqüidade,
Que se tem feito em uma e outra idade
Desde que há tribunais, e quem os reja.

Que me há de suceder nestas montanhas
Com um ministro em leis tão pouco visto,
Como previsto em trampas e maranhas?

É ministro de império, mero e misto,
Tão Pilatos no corpo e nas entranhas,
Que solta a um Barrabás, e prende a um Cristo.

Meu Deus


Meu Deus, que estais pendente de um madeiro,
Em cuja lei protesto de viver,
Em cuja santa lei hei de morrer
Animoso, constante, firme e inteiro:

Neste lance, por ser o derradeiro,
Pois vejo a minha vida anoitecer,
É, meu Jesus, a hora de se ver
A brandura de um Pai, manso Cordeiro.

Mui grande é vosso amor e o meu delito;
Porém pode ter fim todo o pecar,
E não o vosso amor, que é infinito.

Esta razão me obriga a confiar,
Que, por mais que pequei, neste conflito
Espero em vosso amor de me salvar.

A Dor


Em o horror desta muda soledade,
Onde voando os ares a porfia,
Apenas solta a luz a aurora fria,
Quando a prende da noite a escuridade.

Ah, cruel apreensão de uma saudade!
De uma falsa esperança fantasia,
Que faz que de um momento passe a um dia,
E que de um dia passe à eternidade!

São da dor os espaços sem medida,
E a medida das horas tão pequena,
Que não sei como a dor é tão crescida.

Mas é troca cruel, que o fado ordena;
Porque a pena me cresça para a vida,
Quando a vida me falta para a pena.

És Terra


Que és terra, homem, e em terra hás de tornar-te,
Te lembra hoje Deus por sua Igreja;
De pó te faz espelho, em que se veja
A vil matéria, de que quis formar-te.

Lembra-te Deus, que és pó para humilhar-te
E como o teu baixel sempre fraqueja
Nos mares da vaidade, onde peleja,
Te põe à vista a terra, onde salvar-te.

Alerta, alerta, pois, que o vento berra.
Se assopra a vaidade e incha o pano,
Na proa a terra tens, amaina e ferra.

Todo o lenho mortal, baixel humano,
Se busca a salvação, tome hoje terra,

Inconstância


Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.

Porém, se acaba o Sol, por que nascia?
Se é tão formosa a Luz, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?

Mas no Sol, e na Luz falte a firmeza,
Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.

Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância.

Prazer e Pesar


Um prazer, e um pesar quase irmanados,
Um pesar, e um prazer, mas divididos
Entraram nesse peito tão unidos,
Que Amor os acredita vinculados.

No prazer acha Amor os esperados
Frutos de seus extremos conseguidos,
No pesar acha a dor amortecidos
Os vínculos do sangue separados.

Mas ai fado cruel! que são azares
Toda a sorte, que dás dos teus haveres,
Pois val o mesmo dares, que não dares.

Emenda-te, fortuna, e quando deres,
Não seja esse prazer em dois pesares,
Nem prazer enterrado nos Prazeres.

Boca do Inferno


Descrição da Bahia do século XVII - "imagem de um paraíso natural - mas onde os demônios aliciavam almas para proverem o inferno" - há também a apresentação do poeta sátiro Gregório - o boca do inferno - (estilo barroco).
Francisco Teles de Menezes é emborrado por 8 homens encapuzados, tem sua mão arrancada do braço e é morto por Antônio de Brito -o motivo se deu por perseguição política - estarão envolvidos no crime: Ravasco - irmão do Pe Vieira e Moura Rolim - primo de Gregório. Os homens fogem para o Colégio dos Jesuítas, mas o governador da Bahia - Antônio de Sousa Menezes, O Braço de Prata, será avisado e começará uma terrível perseguição contra todos envolvidos.
Antônio de Brito será torturado e delatará os envolvidos - Viera será perseguido - mas por representar a igreja e o poder papal o governador releva mas quer o irmão Bernardo Ravasco preso e destituído do cargo de Secretário do Estado.
Ao tentar proteger a filha Bernardina Ravasco - Gregório conhece Maria Berco que será presa ao saber que ela possuía a mão e o anel do Alcaide, o anel será penhorado.
São confiscados de Bernardo documentos escritos e os poemas de Gregório. Bernardina é presa para pressionar Ravasco a se entregar.
Rocha Pita é nomeado desembargador para investigar a morte do Alcaide. Palma, também desembargador, nega a vingança planejada pelo governador e por falta de provas, exige a soltura dos envolvidos, mas para soltar Maria Berco - Gregório teria que pagar uma fiança de 600 mil réis.
Bernardino é libertado e expatriado - O governador é destituído do cardo e o marquês de Minas nomeado para substituí-lo e restituir o cargo de secretário a Bernardo Ravasco e se apresentar imediatamente ao Rei de Portugal, mesmo assim sai do Brasil com muitas riquezas.
O próximo governador - Antônio Luís da Câmara Coutinho também será satirizado pelo poeta Gregório que terá sua morte encomendada, mas só o próximo governador - João de Lancastre é que conseguirá prendê-lo e expatriá-lo para Angola, volta mais tarde para Pernambuco mas será proibido de escrever suas sátiras. Volta a advogar e morre em 1695 aos 59 anos.
- Pe Vieira lutará por justiça social através de seus sermões - morre cego e surdo em 1697.
- Bernardo Ravasco - recebe sentença favorável ao crime contra o Alcaide e é substituído pelo filho Gonçalo Ravasco.
- Maria Berco - ficará rica mas deformada, rejeita pedidos de casamento à espera do poeta Gregório que se casa com uma negra viúva - Maria de Povos - mas não se afasta da vida de devassidão pelos bordéis da cidade. - "se eu tiver que morrer, seja por aqui mesmo. E valha-me Deus, que não seja pela boca de uma garrucha, mas pela cona de uma mulher".
- A cidade da Bahia cresceu, modificou-se o cenário de prazer e pecado - cidade onde viveu o poeta Boca do Inferno.

Fatos importantes da minha vida

Meu pai era português, natural de Guimarães. Minha nacionalidade é tecnicamente portuguesa, já que o Brasil só se tornou independente no século XIX. Sou considerado luso-brasileiro pois nasci no Brasil mas sou descendente de português.
Em 1642 estudei no Colégio dos Jesuítas, na Bahia. Em 1650 continuei meus estudos em Lisboa e, em 1652, na Universidade de Coimbra onde me formei em Cânones*, em 1661. Em 1663 fui nomeado juiz de fora de Alcácer do Sal.
Em 27 de janeiro de 1668 tive a função de representar a Bahia nas cortes de Lisboa. Em 1672, o Senado da Câmara da Bahia me ofereceu o cargo de procurador. A 20 de janeiro de 1674 sou, novamente, representante da Bahia nas cortes.
Em 1679 sou nomeado pelo arcebispo Gaspar Barata de Mendonça para Desembargador da Relação Eclesiástica da Bahia. D. Pedro II, rei de Portugal, me nomeia em 1682 tesoureiro-mor da Sé. Voltei ao Brasil em 1683.
Por eu não querer usar batina nem aceita a imposição das ordens maiores, o novo arcebispo, frei João da Madre de Deus me retirou do cargos que foram atribuídos a mim.
Apartir desta epoca passei satirizar os costumes do povo de todas as classes sociais baianas. Desenvolvi uma poesia corrosiva, erótica, apesar de também ter andado por caminhos mais líricos e, mesmo, sagrados.
Entre os meus amigos tem, por exemplo, o poeta português Tomás Pinto Brandão.
Em 1685, o promotor eclesiástico da Bahia denunciou os meus costumes livres ao tribunal da Inquisição. Me acusou, de difamar Jesus Cristo e de não mostrar reverência.
Entretanto, meus inimigos vão crescendo em relação direta com os poemas que vou criando. Em 1694, fui acusado por vários lados (principalmente por parte do Governador Antônio Luís Gonçalves da Câmara Coutinho), e corri o risco de ser assassinado, por isso fui deportado para Angola.
Como recompensa de ter ajudado o governo local a combater uma conspiração militar, recebi a permissão de voltar ao Brasil, mesmo não podendo voltar à Bahia.